Na raiz de todas as preocupações sobre as redes de telefonia celular está a radiação de radiofrequência, abreviada como RFR. Essa radiação é qualquer coisa emitida no espectro eletromagnético, como microondas, raios X, ondas de rádio, luz do monitor ou até mesmo a luz do sol. Para saber se uma radiação de radiofrequência é perigosa, os cientistas a dividiram em dois tipos: a ionizante e a não-ionizante.
Simplificando, qualquer radiação que não seja ionizante é muito fraca para separar o DNA e causar danos celulares. Isso inclui o ultravioleta, a luz visível, o infravermelho e tudo com uma frequência menor, como ondas de rádio. Tecnologias cotidianas como linhas de energia, rádio FM e Wi-Fi também se enquadram nessa faixa, com exceção dos microondas, que são sintonizados para ressoar com moléculas de água.
Já a radiação ionizante é aquela provavelmente mais famosa, presente nas armas nucleares e o inimigo invisível por trás de desastres como Chernobyl ou o acidente de Goiânia. Essa radiação sim é capaz de causar danos, mas na maior parte de nossa vida, nós não temos contato com ela.
Para comprovar que a radiação não ionizante, presente em grande parte das tecnologias modernas como o 5G, não é perigosa, os cientistas fizeram, e ainda fazem, vários estudos.
Em uma das pesquisas envolvendo ratos, os animais foram bombardeados com radiação de radiofrequência em um nível muito maior do que jamais teremos em nossas vidas. E eles não apresentaram uma taxa maior do que a esperada de tumores naturais. Outros estudos, no entanto, classificaram toda radiação de radiofrequência como “possivelmente cancerígena”, mas com uma ressalva. Ela foi inserida nesta categoria porque não há evidências conclusivas de que a exposição pode causar câncer em seres humanos. Comer legumes em conserva e usar talco em pó, por exemplo, pode ser classificado com o mesmo nível de risco. Já a ingestão de bebidas alcoólicas e o consumo de carnes processadas são colocados em uma categoria de risco maior, bem como viver em grandes cidades, por conta da poluição do ar.
A informação de que 500 pássaros teriam morrido na Holanda viralizou rapidamente nas redes sociais e frustrou quem espera uma tecnologia de transferência de dados mais veloz. Mas a história toda não passava de um boato, bem… em partes. É verdade que uma série de misteriosas mortes de aves ocorreu em um parque em Haia, na Holanda. De acordo com o governo municipal, as aves começaram a morrer em 19 de outubro de 2018, e logo depois essas mortes inspiraram uma proibição de cães na cidade como medida de precaução, uma vez que havia a possibilidade de envenenamento. Nenhum experimento com 5G estava sendo realizado na região onde a morte dos pássaros ocorreu. Mortes misteriosas de aves, apesar de serem muito usadas em manivelas de conspiração, não são incomuns. Devido à sua natureza inexplicável, histórias como essa são populares entre aqueles que buscam alimentar medos ou fazer pontos políticos ou religiosos. O que um estudo com os corpos dos animais revelou foi que as aves devem ter voado e colidido com força no solo, em árvores e entre elas. O motivo da colisão ainda não é claro, embora saiba-se que os pássaros estavam em pânico e desorientados. Mesmo que um teste com o 5G estivesse sendo feito na região naquele dia, não explicaria porque apenas uma espécie foi afetada, quando haviam dezenas de outras no mesmo parque.
Uma preocupação comum sobre o 5G é que, devido à menor potência dos transmissores, haverá mais deles. Essas ondas percorrem distâncias mais curtas pelos espaços urbanos, de modo que as redes 5G exigem mais antenas transmissoras do que as tecnologias anteriores, posicionadas mais perto do nível do solo. De fato, a tecnologia exigirá a construção de talvez centenas de milhares de novas antenas em cidades. Ainda sim, a ciência diz para não nos preocuparmos, porque ainda estamos falando de potência e frequência mais fracas que a luz. Você sai para tomar banho de sol e está se banhando em radiação eletromagnética que é muito mais perigosa do que as torres de celular 5G. Há limites rigorosos para exposição a níveis de radiação ainda mais altos – como os exames de raios-X e raios gama -, que podem provocar efeitos nocivos no corpo humano. Essa nova tecnologia permanece não ionizante por natureza, e por enquanto, tudo o que sabemos sobre as redes 5G nos diz que não há motivo para se alarmar.
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